A dislexia, segundo o Instituto ABCD, é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta habilidades básicas de leitura e linguagem. Ela é considerada um distúrbio específico de aprendizagem porque seus sintomas geralmente afetam o desempenho acadêmico de estudantes sem que haja outra alteração (neurológica, sensorial ou motora) que justifique as dificuldades observadas.
O próprio significado da palavra já diz muito: DIS = dificuldade; LEXIA = com palavras. A fonoaudióloga Luciana Rezende, do Instituto Nadja Quadros, credenciado da Geap em Brasília, explica que a dislexia se caracteriza pela confusão entre letras de formas vizinhas, letras com som semelhante, pela omissão ou adição de letras e/ou sílabas, união de uma ou mais palavras e divisão inadequada de vocábulos.
Algumas pessoas só são diagnosticadas com o distúrbio após a infância, já na adolescência ou fase adulta, porém, é possível identificar a dislexia ainda no processo de alfabetização, quando a criança apresenta dificuldades ao aprender a ler, a escrever e até a soletrar, mesmo tendo visão, audição e nível cognitivo preservados.
“O diagnóstico precoce é relevante para minimizar o impacto na vida acadêmica, na autoestima e na relação da pessoa com suas próprias dificuldades”, afirma Luciana.
Sintomas da dislexia
A psicóloga e pós-graduanda em neuropsicologia, Júlia Leandra Soares, fala sobre o papel dos familiares e da comunidade escolar: “Os pais e professores devem estar atentos quando a criança apresenta alguns sinais, pois é muito comum que crianças com dislexia passem por preguiçosas, desatentas ou desinteressadas. E não é isso. Elas querem aprender, mas têm dificuldade.” Ela destaca que dislexia não tem a ver com inteligência.
Sintomas na linguagem oral:
- Atraso no desenvolvimento da fala;
- problemas para formar palavras de forma correta, como trocar a ordem dos sons (popica em vez de pipoca) e confundir palavras semelhantes (umidade / humanidade);
- erros de pronúncia, incluindo trocas, omissões, substituições, adições e misturas de fonemas;
- dificuldade para nomear letras, números e cores;
- dificuldade em atividades de aliteração (figura de linguagem, mais precisamente uma figura de som, definida pela repetição de fonemas consonantais num enunciado. Ex.: “O rato roeu a roupa do rei de Roma”) e rima;
- dificuldade para se expressar de forma clara.
Na leitura:
- Dificuldade para decodificar palavras;
- erros no reconhecimento de palavras, mesmo as mais frequentes;
- leitura oral lenta e incorreta. Pouca fluência, com inadequações de ritmo e entonação, em relação ao esperado para a idade e a escolaridade;
- compreensão de texto prejudicada como consequência da dificuldade de decodificação;
- vocabulário reduzido.
Na escrita:
- Erros de soletração e ortografia, mesmo nas palavras mais frequentes;
- omissões, substituições e inversões de letras e/ou sílabas;
- dificuldade na produção textual, com velocidade abaixo do esperado para a idade e a escolaridade.
O apoio familiar e o acompanhamento pedagógico e psicológico são fundamentais para que a criança se aceite como ela é e aprenda a conviver com a dislexia, passando pela adolescência e chegando à vida adulta sem grandes prejuízos.
Tanto Júlia como Luciana concordam que, o quanto antes houver intervenção profissional, maiores as chances de minimizar características ou mesmo permitir que o indivíduo se adapte e programe mecanismos facilitadores.
Para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de forma justa e igualitária, por exemplo, os candidatos com o distúrbio podem solicitar atendimento especializado no período de inscrições. Algumas opções de auxílio para fazer a prova são: tempo adicional, ajuda para leitura e transcrição e provas com letras ampliadas.
Diagnóstico
Dislexia não tem cura, mas com acompanhamento e constância é possível levar uma vida normal. Geralmente, quem fecha o diagnóstico são os neurologistas ou neuropsicólogos. Pediatras também podem e devem orientar os pais sobre essa condição. O atendimento ideal se dá por meio de equipe multidisciplinar, formada por psicopedagogos(as), psicólogos(as) e fonoaudiólogos(as).
Entenda mais sobre a dislexia no artigo: Dislexia: causas, sintomas, diagnóstico e tratamentos