Mais de 150 participantes, entre diretores e gestores da Geap Saúde, participaram na sexta-feira (17) do encontro para definição do Planejamento Estratégico para o período de 2024 a 2030, em Brasília.
O evento, que segue até este sábado, contou, em sua programação no período da tarde de sexta, com o painel sobre o cenário regulatório da saúde suplementar com a palestra da secretária Executiva da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Lenise Barcellos.
Em sua fala, após contextualizar sobre a função estratégica da Agência para a Geap, Lenise trouxe importantes informações sobre a transformação do do setor. Ela destacou a necessidade de atenção para o envelhecimento da população e como esse fator impacta diretamente na gestão de saúde e na busca por sustentabilidade.
Além disso, Lenise abordou uma oportunidade que a Geap tem com os concursos públicos previstos para os próximos anos, com destaque para o Concurso Nacional Unificado (CNU), que levará milhares de pessoas, em sua maioria jovens, ao serviço público, abrindo, assim, a possibilidade de trazê-los à Geap. A secretária também convocou os presentes a participarem ativamente da agenda regulatória da ANS, enfatizando a importância do engajamento das operadoras de planos de saúde, em especial das autogestões, nesse processo.
“Gestão em saúde, é saber de que forma a gente pode entregar saúde a esse beneficiário e a que custo. Porque vocês possuem limite orçamentário. Qual é o custo para entregar esse resultado? Quando não se faz gestão, em um curto espaço de tempo é possível ver os problemas na saúde da operadora, da sua capacidade de sobrevivência e da sua capacidade de honrar seus compromissos”, detalha.
Cenário ESG – Para falar sobre a importância de trazer a sustentabilidade para a gestão por meio de práticas em ESG – Governança Ambiental, Social e Corporativa -, a Geap trouxe o economista, professor e autor, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Eduardo Giannetti. Em sua palestra, ele destacou o panorama político-econômico, abordando desafios e oportunidades que influenciam diretamente a gestão sustentável no contexto da saúde suplementar.
O professor ressaltou o aumento da expectativa de vida, enfatizou a necessidade de repensar a lógica dos planos de saúde para garantir a sobrevivência do setor. Ele citou como desafios a cobertura excludente do sistema atual, que acaba excluindo uma grande parcela da população por conta de procedimentos e tratamentos com valores impensáveis, o que encarece os planos e tira oportunidades de mais pessoas poderem contar com os serviços da saúde suplementar. Além disso, abordou a judicialização, que traz gargalos que prejudicam não só as operadoras, mas seus beneficiários.
No contexto da agenda ESG, Giannetti abordou práticas relacionadas à Governança Ambiental, Social e Corporativa que são fundamentais para construir uma base sólida nas operadoras de planos de saúde, que precisam incorporar esses princípios como parte integral da cultura organizacional, como pilares essenciais para o sucesso a longo prazo.
“A agenda ESG se tornou uma exigência não só para o ambiente corporativo quanto para o financeiro. Os maiores fundos financeiros globais só colocam dinheiro em quem, preenche quesitos de ESG. Uma empresa hoje que não olha para o meio ambiente, não olha para a humanidade, que não olha para a governança, ela está com os dias contados, ela não vai sobreviver. Vai perder o apoio dos investidores e dos clientes”, destacou.
Entre os desafios citados por Giannetti, estão a necessidade de se aprender a falar com o jovem para atraí-lo; reduzir o custo assistencial e investir em prevenção, fazendo uso efetivo de big data, dados estratégicos, para antecipar tendências e oferecer um cuidado mais proativo. Ele destacou ainda a relevância do alinhamento de incentivos para a qualidade do atendimento.
“O fundamental na questão do custo e da qualidade do atendimento é o alinhamento dos incentivos. A operadora trabalha num triângulo: a operadora, as credenciadas e os beneficiários. O fundamental é alinhar expectativas para que sejam convergentes. Para isso tem que ter meta, tem que ter informação e tem que ter método”, detalhou.
Cenário tecnológico e a inteligência artificial – O jornalista Pedro Dória também participou do evento e trouxe aos gestores da Geap um pouco da história da tecnologia, indo desde a criação do primeiro computador – por Alan Turing -, e chegando ao atual ChatGTP e demais ferramentas de Inteligência Artificial (IA). De acordo com ele, é preciso, para se manter competitivo nos dias atuais, agregar tecnologias e o uso da AI com responsabilidade.
No contexto da saúde, Dória destacou as inúmeras possibilidades oferecidas pela IA. Desde a criação de novos medicamentos até o apoio aos pacientes na administração de medicamentos, passando por diagnósticos mais precisos. Além disso, enfatizou como a IA pode desempenhar um papel crucial na gestão operacional interna da operadora, otimizando processos e contribuindo para uma administração mais eficiente e inovadora. E apontou possíveis caminhos para sair na frente: “quanto mais pessoas estiverem envolvidas, em termos de uso dos avanços tecnológicos, melhor capacidade a empresa vai ter de perceber o momento em que deve trabalhar com IA”, recomendou o palestrante.
O doutor em Ciência Médicas e especialista em Healthcare, gestão pública e privada, Jacson Barros, contribuiu para o painel sobre tecnologia. De acordo com ele, a LGPD (Lei nº 13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados), apesar de regular o uso de informações pessoais, não deve ser vista como uma barreira. Conhecendo a legislação, é possível atuar de forma significativa com o uso dos dados dos beneficiários e de forma totalmente legal. “ É preciso enraizar o uso dos dados na empresa”, destacou.
O palestrante finalizou sua participação levantando questionamentos e desafiando os participantes presentes a inovarem e estarem prontos para utilizar os avanços da IA no dia a dia da Geap.
Neste sábado, no segundo dia do encontro de Planejamento Estratégico para o período de 2024 a 2030, os diretores e gestores da Geap estarão aproveitando os insights e informações valiosas recebidas nas palestras do dia para estabelecer metas sólidas que nortearão as atividades da autogestão nos próximos anos.